Crise, escândalo e incerteza: Quem comanda Embu-Guaçu?
Crise, escândalo e incerteza: Quem comanda Embu Guaçu?
Embu-Guaçu vive uma das maiores crises políticas de sua história recente. Em meio a protestos, atrasos salariais e instabilidade administrativa, a população se pergunta: quem de fato está no comando da cidade?
A crise política em Embu-Guaçu não começou com os escândalos recentes — ela se desenha desde os primeiros dias do atual governo. Logo no início do mandato, o Prefeito Sargento Neres e o Vice-Prefeito Francisco do Conselho, conhecido como Francisquinho, passaram a protagonizar uma série de desentendimentos internos que rapidamente tomaram corpo nos bastidores da administração municipal.
Fontes próximas ao governo relatam que, já nos primeiros meses, a relação entre ambos se desgastou devido a divergências sobre nomeações, alocação de recursos e rumos administrativos. O vice-prefeito, que esperava ter voz ativa na condução da gestão, foi gradualmente sendo deixado de lado. Sem espaço nas decisões estratégicas, Francisquinho se afastou dos bastidores do poder e perdeu influência dentro do governo — um processo silencioso que acabou gerando um ambiente de tensão e desconfiança dentro do Executivo.
Esse histórico de conflitos agora pesa diretamente sobre o futuro da cidade. Isso porque, o Sargento Neres pode ser afastado do cargo de Prefeito, e o nome natural para assumir a gestão seria o do vice. No entanto, o cenário político já fragmentado torna a transição ainda mais complexa.
O estopim da crise ocorreu quando veio à tona a situação jurídica do prefeito. Sargento Neres foi condenado por descumprir medida protetiva, com base na Lei Maria da Penha, ainda antes de ser eleito. O processo se arrastou durante anos, até que, já no exercício do cargo, foi julgado em definitivo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que decidiu por unanimidade — 11 votos a 0 — pela condenação e suspensão de seus direitos políticos.
Diante da decisão, três vereadores protocolaram um pedido formal ao presidente da Câmara Municipal, Joãozinho do Cavalo, solicitando que medidas fossem tomadas contra o Prefeito. A Câmara então notificou o prefeito para apresentar sua defesa. Poucos dias depois, o Judiciário enviou ofício à presidência da Casa, informando que os direitos políticos de Sargento Neres estavam suspensos, e orientando a adoção das medidas legais cabíveis. Em resposta, o presidente da Câmara extinguiu o mandato do prefeito e agendou a posse do vice-prefeito em uma sessão extraordinária.
Mas a instabilidade política ganhou um novo capítulo: a equipe jurídica de Neres conseguiu uma liminar na Justiça no dia 04 de Julho, alegando que o prazo legal para a apresentação da defesa ainda estava em curso. A decisão provisória manteve o prefeito no cargo por mais 10 dias, aprofundando ainda mais a sensação de impasse e insegurança institucional.
Enquanto as disputas jurídicas se arrastam nos tribunais e nos corredores da política local, a população sofre as consequências práticas do caos administrativo. Professores da rede municipal foram às ruas em protesto pela regularização dos salários. Servidores de diversas secretarias também relatam atrasos salariais, falta de comunicação e clima de incerteza dentro da prefeitura.
A cidade vive dias de tensão. A máquina pública opera sob pressão, os serviços sofrem com a desorganização e a confiança nas instituições está abalada. Afinal, com tantas idas e vindas, quem de fato está no comando de Embu-Guaçu?
O que pode acontecer agora?
Com o prazo da liminar prestes a expirar, três cenários principais estão no horizonte:
1. Confirmação do afastamento
Se a liminar que mantém o prefeito no cargo for cassada ou expirar sem nova decisão, o afastamento determinado pela Câmara poderá ser mantido. Nesse caso, o vice-prefeito Francisquinho assume oficialmente a prefeitura.
2. Retorno definitivo de Neres
Caso a Justiça entenda que houve erro de procedimento na atuação da Câmara — especialmente quanto ao direito de defesa —, o prefeito poderá permanecer no cargo até nova decisão judicial definitiva.
3. Judicialização prolongada
É possível que o caso continue em disputa por tempo indeterminado. Recursos, embargos e novas liminares podem manter o atual cenário de incerteza, prolongando a crise institucional e prejudicando ainda mais a administração municipal.
Enquanto os poderes Legislativo e Judiciário buscam uma solução, a população de Embu-Guaçu assiste de fora, aguardando por estabilidade, liderança e responsabilidade com os destinos da cidade.


