
CUTUCANDO A ONÇA
Jean Paul Sartre, pensador francês, cunhou a frase “O HOMEM É UM ANIMAL POLÍTICO”.
Concordo com Sartre: TUDO É POLÍTICA! Não há, em todo o planeta Terra, um único povo que não faça política, desde a cosmopolita Nova York, à mais remota aldeia da floresta!
Hoje, num tempo de brutalidades gratuitas, perdeu-se a compreensão do termo:
Política, caro leitor, nada mais é do que a CIÊNCIA de contrabalanceamento dos conflitos sociais, equilibrar desagrados, único meio de viver-se em grupo.
Surgida desde os primórdios da humanidade, a política visa estabelecer direitos, deveres e, acima de tudo, evitar a luta de TODOS CONTRA TODOS.
No início, homens e mulheres (pessoas respeitadas na comunidade) tornaram-se políticos locais, eram o ouvido e a boca dos seus vizinhos diante do chefe local, diziam da ponte caída, da perda da lavoura, do atoleiro nas ruas, contatavam a Autoridade e pediam justiça.
A ideia primitiva, original, da política, era que TODA a sociedade (ela mesma subdividida em diversos grupos, crenças e interesses) fosse representada.
Com o passar do tempo, os políticos locais foram classificados e profissionalizados.
Eis o início da problemática: de CIÊNCIA de equilíbrio de tensões, a política passou a ser uma PROFISSÃO!
Ao profissionalizar-se a política, criou-se a corrida por cargos, lutas por verbas; indivíduos sem vínculos afetivos com determinado povo, desconhecedores das suas reais necessidades, sendo eleitos para representá-lo nas distantes capitais, e pior; somente os seus CHEGADOS passaram a ser ouvidos, o que gerou uma distorção da arte política, pois todo Parlamentar representa à TODOS; não apenas aos SEUS eleitores.
Obviamente, toda regra tem exceções; há políticos antenados com o seu povo, mas que representam a Sociedade como um Todo, respeitando as suas particularidades.
Bom político é aquele que, ao dizer um MEIO NÃO a um indivíduo, diz um MEIO SIM a outrem, equilibrando as metades das perdas de ambos, para que um TERCEIRO tenha alguma demanda sua atendida!
Político de sucesso é aquele que vence seu desafeto na elegância, desenvolve o poder de negociar e, acima de tudo, é forte o suficiente para respeitar as regras do jogo: Quem ganhar, leva, quem perder, respire fundo e fortaleça sua base eleitoral para as próximas eleições.
Essa é a beleza da Democracia, essa renovação das casas Legislativas, usar-se a arte Política para EQUILIBRAR DESAGRADOS!
Ah, antes que me esqueça: É bem melhor fazer Política, do que acordar com a Lei do porrete andando pelas ruas. Eu já passei por isso, e é terrível. Vade retro, Satanás!